
Sandra, mãe de um adolescente de 15 anos, olha para o boleto mensal da clínica ortodôntica. É um custo fixo no orçamento da família há quase um ano. Conversando com outras mães na porta da escola, ela percebeu uma discrepância que a intrigou: o preço da manutenção do aparelho ortodôntico em BH parecia variar sem uma lógica clara, indo de R$ 100 a mais de R$ 300. A dúvida é inevitável: o que justifica essa diferença? Afinal, não se trata apenas de “trocar as borrachinhas”?
A resposta curta é não. A manutenção ortodôntica é muito mais do que um ato estético de renovar as cores. É a consulta de trabalho do ortodontista, o momento em que o tratamento efetivamente acontece. O preço dessa mensalidade reflete a complexidade desse ato clínico, a qualificação do profissional e o tipo de tecnologia empregada no sorriso do paciente.
A percepção de que a manutenção é um procedimento simples e rápido é um equívoco comum. Na realidade, cada visita mensal é uma etapa crucial de um tratamento de saúde de longo prazo.
“A ‘troca da borrachinha’ é o que o paciente vê, mas é a menor parte do meu trabalho na consulta”, explica Dr. Flávio Gusmão, ortodontista. “Nessa sessão, eu avalio a evolução do caso, meço os espaços, verifico se o movimento planejado está ocorrendo, realizo ajustes nos arcos, dobras específicas para direcionar um dente, e oriento sobre a higiene. É uma consulta de acompanhamento e intervenção. O valor da manutenção remunera esse tempo clínico e essa tomada de decisão.” Pular uma manutenção não é apenas “ficar com a borrachinha velha”, é pausar o avanço do tratamento.
O tipo de aparelho também influencia o custo. Manutenções de aparelhos autoligados (que não usam borrachinhas) ou estéticos de safira podem ter um custo diferenciado, não pela manutenção em si, mas porque o valor do tratamento total, diluído nas parcelas, é mais alto. “O custo do material do aparelho estético é muito superior ao do metálico. Muitas vezes, essa diferença é fracionada nas mensalidades”, acrescenta o Dr.
A localização da clínica e a estrutura oferecida são parte da equação, mas a principal variável no preço da manutenção está na qualificação de quem executa o tratamento.
Um ortodontista é um cirurgião-dentista que cursou uma especialização de 2 a 3 anos dedicada exclusivamente a corrigir a posição dos dentes e dos ossos maxilares. Um clínico geral pode realizar o procedimento, mas não possui o mesmo aprofundamento técnico. “Um tratamento conduzido por um especialista tende a ser mais preciso e, por vezes, mais rápido”, afirma o especialista. Clínicas que oferecem mensalidades muito baixas podem não contar com um corpo clínico de especialistas, o que se reflete no preço e, potencialmente, no resultado.
Muitas clínicas trabalham com um “pacote”, onde o paciente paga um valor pelo aparelho e depois as mensalidades de manutenção por um período pré-determinado. Outras diluem o custo total do tratamento nas parcelas. Entender o modelo de negócio da clínica é fundamental para não ter surpresas.
Sandra, ao final, entendeu. A mensalidade não é uma assinatura, mas o pagamento contínuo por um tratamento médico que está, mês a mês, reconstruindo o sorriso de seu filho. E, como em qualquer área da saúde, a qualificação e a experiência do profissional têm, sim, o seu preço.
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